UMA LIVRARIA SÓ NO VITRAL
Nem bem o corrupião da meia noite no meu relógio de parede canta, lembro-me de uma livraria-café aberta no domingo à tarde. Com sol entrando pela janela. A livraria, no entanto, nunca existiu.
Minhas lembranças dela devem brotar da livraria que ficava aberta e sem café até às 24 horas, numa cidade longe e grande, no fim dos anos 80. Ou, então, da especulação que fazia com um amigo, quando na Astrogildo de Azevedo existiam duas livrarias: a da Cesma no início (ou ali é o fim?) da rua e a filial da Sulina, bem na subida em direção à Acampamento. Ingenuamente apostávamos que ali se transformaria em uma rua das livrarias, com uma loja aqui e outras logo ali e acolá, sendo abertas em breves espaços de tempo.
Não lembro se eu ou ele disse: a Astrogildo será como a Riachuelo, em Porto Alegre. Nós queríamos que assim fosse. Agora nem sei mais se há livrarias na Riachuelo. Ainda devem estar lá o Martins Livreiro, a Vozes e até a Sulina.
A Sulina não durou muito, em Santa Maria. A livraria da Cesma mudou-se para outra rua.
Mesmo assim, sempre lembro (para não dizer sinto saudades) de uma livraria aos domingos à tarde, com café e livro aberto numa mesa à janela. O sol entrando companheiro pelas vidraças. Essa livraria é a pintura que faz das vidraças um vitral.
Um comentário:
Belo texto, Paulo.
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