23.6.06

MENOS LIVROS, MENOS LEITORES OU MENOS LEITORES, MENOS LIVROS


São esclarecedores e preocupantes o artigo de Cristine Zanella, nos jornais A Razão e Diário de Santa Maria e a reportagem de Mauren Rigo também no Diário, no início desta semana.

Ambas escrevem sobre livros. Zanella sobre a importância dos livros na formação de uma sociedade e Rigo sobre o fechamento de uma tradicional locadora de livros em Santa Maria.

Na cidade Cultura, existem poucas livrarias (há cidades no interior do estado que não possuem livrarias). Há pouco, também, a tradicional, livraria do Globo passou a ser apenas papelaria.

Os proprietários da locadora fechada alegam, lamentando, que não tinham condições de pagar aluguel e renovar acervo. Havia pouca procura. Muitos que chegavam à locadora a procura de um livro admiravam-se que era necessário pagar para locar. O acervo de 6 mil livros (com obras raras) foram vendidos, com os móveis, para um sebo. Há um sebo na cidade.

Há, também, outra locadora, onde pode-se alugar cd e dvds além dos livros. Ali, a proprietária pós-graduada em literatura (ou letras), prioriza as obras de auto-ajuda.

Na última Feira do Livro, na praça Saldanha Marinho,houve uma pesquisa, às vésperas do dia das Mães. Elas responderam que queriam ganhar um livro de auto-ajuda.

Santa Maria é uma cidade de universidades, escritores, de concursos literários, de associações, casas e confrarias de escritores.

Quem lê na cidade cultura? O que lê? Onde compram seus livros? Na livraria da Cesma, na livraria da Mente, nos mercados, nas revistarias? Ou pela internet? Uma vez, o gerente de uma livraria me disse que os seus dois principais compradores de livros passaram adquirir suas leituras somente em Buenos Aires...

Interesse pelo livro existe. Entre poucos talvez. Seu Darci, funcionário da marcenaria da universidadade federal, é ouvinte assíduo do programa Palavra Falada, pela rádio da universidade.

O Palavra Falada reúne , toda sexta-feira, às 16h30 pessoas que gostam de livros e leitura. Em breves comentários, trocam informações, idéias, compartilhadas com tantos Darci existirem.

Um programa de rádio sobre livros! Como Palavra Falada ele não tem meia dúzia de anos. Na realidade a produção de um programa de rádio sobre livros começou em 1989, como Traços e Trechos ("um programa sobre livros e autores"). Depois de interrupções voltou rebatizado, durante outra Feira do Livro, como Letra por Letra.

Tenho certeza que os leitores de Santa Maria são tantos que não caberiam no encontro semanal do Palavra Falada. Mas, onde eles estão que, apesar das associações, das confrarias, das cooperativas, permitem que uma locadora de livros feche? Que uma livraria tradicional vá minguando a partir de um salão na antiga Primeira Quadra, para um mezanino e agora expire numa pequena, muito pequena estante com meia dúzia de livros que sobraram na Globo?