PARA CELEBRAR UM CENTENÁRIO
Para celebrar o centenário de nascimento do escritor uruguaio Juan Carlos Onetti, ontem adiei quase todos compromissos, tomei banho mais cedo, coloquei o perfume de inverno, chamei um táxi e solene fui ao centro. Antes de sair de casa, ouvi do próprio Onetti a leitura do conto “Bem-vindo, Bob”, pelo El País online, de Madri.
Passei por uma livraria para comprar “O Estaleiro”, romance que ainda não li e fui ao café. Sobre a mesa o exemplar de uma das coletâneas de contos. Escolhi três para ler: “O Inferno Tão Temido”, “A Face da Desgraça” e “Bem-vindo, Bob”.
Para acompanhar a leitura: lapiseira, caneta, moleskine, uma xícara de machiato, adoçante, um copinho de água mineral e guardanapos de papel.
Ignorei a Santa Maria do cidadão que falava, em voz alta, com a companheira e ao celular ao mesmo tempo, à mesa em frente e o outro, na mesa de trás, que fungava e tossia.
Mergulhei nas águas profundas da Santa Maria de Onetti, anotando na caderneta, sublinhando no livro algumas coisas como “E a juventude intacta, a experiência coberta de cicatrizes”.
Para celebrar o centenário de nascimento do escritor uruguaio Juan Carlos Onetti, ontem adiei quase todos compromissos, tomei banho mais cedo, coloquei o perfume de inverno, chamei um táxi e solene fui ao centro. Antes de sair de casa, ouvi do próprio Onetti a leitura do conto “Bem-vindo, Bob”, pelo El País online, de Madri.
Passei por uma livraria para comprar “O Estaleiro”, romance que ainda não li e fui ao café. Sobre a mesa o exemplar de uma das coletâneas de contos. Escolhi três para ler: “O Inferno Tão Temido”, “A Face da Desgraça” e “Bem-vindo, Bob”.
Para acompanhar a leitura: lapiseira, caneta, moleskine, uma xícara de machiato, adoçante, um copinho de água mineral e guardanapos de papel.
Ignorei a Santa Maria do cidadão que falava, em voz alta, com a companheira e ao celular ao mesmo tempo, à mesa em frente e o outro, na mesa de trás, que fungava e tossia.
Mergulhei nas águas profundas da Santa Maria de Onetti, anotando na caderneta, sublinhando no livro algumas coisas como “E a juventude intacta, a experiência coberta de cicatrizes”.
De vez em quando, parava e pensava, sem tirar os olhos da página: Onetti quando menino lia dentro de um armário, com a luz de uma lanterna e a companhia de um gato. Essa seria a causa de sua vista ruim. Lera muito naquele refúgio.
De repente um flash de máquina fotográfica me levaria para o centro do café. Sorri meio sem entender o que acontecia e novamente abaixei a cabeça para a leitura.
Na tarde havia sol e um friozinho agradável, no café pouca luz e um friozinho desagradável.
Algum tempo depois, uma chamada no celular anunciava tão próximo estava o fim da celebração.
Mesmo encerrando aquela leitura, continuarei a celebrar: no futuro, a comanda do café será marcador de páginas no “O Estaleiro”.
PS: daqui a dois anos, o centenário de Ernesto Sábato. Onetti faleceu em 30 de maio de 1994, em Madri. Sábato reside em Buenos Aires (Rojas, 24 de junho de 1911): muita vitalidade a ele.
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