13.10.07




NOBEL MERECIDO


Por que será que as informações jornalísticas sobre o prêmio Nobel de Literatura 2007 à escritora inglesa Doris Lessing, informam como seu livro mais destacado Caderno Dourado, que teria também o nome de Caderneta Dourada? Conheço-o por O Carnê Dourado. Será que foi editado no Brasil com três títulos diferentes? Se assim foi, aconteceu em épocas diferentes.

Também ouvi e vi dizerem que ela foi a 9ª mulher a ganhar o prêmio, quando foi a 11ª.
Me parece desinformação sobre a autora dos também Roteiro Para Um Passeio ao Inferno, Memórias de Um Sobrevivente (traduzido por Clarice Lispector), e de uma belíssima autobiografia, entre outros.

Críticos, de prestígio internacional, teriam sido entrevistados e um dissera que ela é uma boa pessoa, merecia o prêmio. Outro que somente a sua obra inicial tem valor, o resto seria um “tijolo”.

Palavras que o vento faz se perderem, diante de uma obra densa tratando do racismo, do feminismo, do meio ambiente.

O Nobel de Literatura à Lessing foi um dos mais merecidos, senão o mais merecido nos útlimos anos.

Que a premiação traga de volta a sua obra às livrarias. Mas, é fácil encontrar seus livros nos sebos. A maioria com capas de mau gosto, mas mantendo o seu conteúdo e forma fortes e belos.

Tão pouco festejado o Nobel de Literatura deste ano, tem nessa inglesa (nascida na antiga Pérsia, hoje Irã e criada na África do Sul (onde está impedida de entrar), de quase 88 anos, a autora de importantes e belos livros.

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TERRA E CINZAS - um conto afegão


Enquanto tantos leitores caçam pipas facilmente nas vitrines e estantes estratégicas das livrarias, pode-se desviar a atenção para Terra e Cinzas -um conto afegão-, de outro escritor nascido, três anos antes, também em Cabul: Atiq Rahimi. É quase um conto, como o título sugere, mas que se agiganta à evolução da leitura, até tornar-se uma obra impossível de qualquer descarte.

Encontra-se Terra e Cinzas rastejando até a prateleira mais ao rés-do-chão, da estante mais ao fundo da livraria. Ou, então, precisa-se encomendá-lo e esperar, exercitando a paciência.


Acompanhar aquele avô, com seu neto menino e surdo, atravessar o Afeganistão, para encontrar o filho e dar-lhe a última notícia, é uma viagem vertical. Lembra a de Ana Paúcha atravessando a Espanha, também para visitar o filho , em Ana-Não, de Agustin Gomez-Arcos.

Pais velhos, cansados, doídos, que viajam ao encontro dos filhos. Não para pedir-lhes piedade, mas como se para nascerem outra vez.


Terra e Cinzas não é só história. É também linguagem. Não é só prosa. É também poesia.
É uma viagem, na qual precisa-se, freqüentemente, morder a parede. Mas, quando termina na última página, o leitor terá concluído uma grande e inesquecível jornada, acompanhado por aqueles dois.